Prefeitura adota postura oposta à do presidente da Câmara, aprofundando racha político no município

Na manhã de ontem, quinta-feira (25), uma manifestação protagonizada pelos caciques das aldeias Nova Nascente, Lagoinha, Tereré, Córrego do Meio, Nova Tereré e 10 de Maio chegou até a Prefeitura Municipal, revelando o descontentamento em relação à nomeação realizada pelo presidente da Câmara, Otacir Figueredo, conhecido como Gringo. 

Foto: Rota News

O protesto teve como foco a indicação de Valcelio Figueredo, irmão do presidente, para assumir a presidência da Fundação Municipal Indígena. Os caciques se reuniram com a secretária de Governo, Elaine Brito, e com o chefe de gabinete, Waldemar Acosta, para discutir o assunto.

Jasiel Gabriel, cacique da Aldeia Lagoinha, expôs a insatisfação dos líderes indígenas com a decisão, mencionando diversos motivos. Em primeiro lugar, destacou-se a ausência de diálogo prévio entre as partes envolvidas. Os caciques alegaram que não foram consultados ou envolvidos na tomada de decisão, o que consideram fundamental para um processo democrático e representativo.

Adicionalmente, chamou-se a atenção para a relação de parentesco entre Valcelio Figueredo e o presidente Otacir Figueredo, o que levantou preocupações entre os caciques. Eles manifestaram receios quanto à imparcialidade na gestão da Fundação Municipal Indígena, uma instituição de extrema importância para a comunidade indígena local.

Essa indicação política, amplamente criticada pelos líderes comunitários, desencadeou uma ruptura entre Otacir Figueredo e seu alicerce político, os indígenas, agravando ainda mais a tensão entre o presidente da Câmara e o sua base eleitoral. A falta de transparência e a aparente falta de compromisso com a representatividade e os interesses das comunidades indígenas podem minar a credibilidade do presidente e a confiança depositada em sua liderança.

O episódio também coloca em evidência o desgaste nas relações entre a Câmara e a comunidade indígena, destacando um racha cada vez mais profundo entre os poderes municipais. A nomeação contestada representa mais um capítulo na disputa política que envolve o presidente Otacir e a prefeitura, evidenciando a falta de sintonia e de respeito pelo diálogo e pela participação dos povos indígenas nas decisões que afetam diretamente suas vidas.

Em conversa com o presidente na manhã desta sexta-feira (26), Otacir Figueiredo destacou que apesar do tom opositor da atual gestão municipal, ele continua com o discurso de imparcialidade e fácil comunicação entre todos os poderes.

Apesar de não se declarar nem base, nem oposição, Gringo reafirmou que faz parte do G8 (Grupo criado por vereadores da oposição na Câmara Municipal), mas que não pretende fazer pressão sobre a prefeitura.

Gringo também destacou que apesar do descontentamento de algumas lideranças indígenas, ele está lutando pelo direito e opinião de vários moradores indígenas que reclamam por uma gestão mais transparente por parte de seus caciques. 

Com o afastamento de Gringo se concretizando, a Prefeita Vanda Camilo vê o seu mandato em uma das piores crises desde sua eleição, com operações do Gaeco e do Ministério Público, "dança das cadeiras" no secretariado, além do descontentamento popular por parte de suas decisões.

Recentemente, o Secretário de Fazenda Claudinho Serra, genro da Prefeita Vanda, deixou o cargo em Sidrolândia para assumir uma cadeira na Câmara Municipal de Campo Grande, ele era apontado como "braço direito" de Vanda no governo, que agora tenta se reestruturar.

Redação/Rota News