Os benefícios da cannabis para pessoas em quimioterapia já são amplamente difundidos e reconhecidos. Inúmeros casos clínicos comprovam a melhora geral do bem-estar dos pacientes, principalmente pela redução dos enjoos e o aumento do apetite, duas das principais queixas de quem passa por esse tipo de terapia. No entanto, há também a hipótese de que a cannabis –até agora utilizada de forma acessória–, possa, nos próximos anos, se tornar uma das protagonistas no tratamento de vários tipos de câncer. Grupos de cientistas na Espanha, Inglaterra e Austrália trabalham ativamente para determinar se os canabinoides têm, afinal, capacidade de frear a atividade tumoral em alguns dos mais de 200 tipos de câncer existentes.
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Na Universidade Complutense Madrid, um coletivo de cientistas reconhecidos mundialmente por sua vasta produção de artigos científicos –entre eles Manuel Guzman, Cristina Sánchez e Guillermo Velasco–, aproxima-se da resposta para a pergunta: afinal, a cannabis pode ser um tratamento antitumoral efetivo em humanos? Eles já sabem que, sim, a cannabis inibe o crescimento de células cancerosas, entretanto, apenas em pesquisas in vitro e em modelos animais.
O grupo de estudos da Complutense de Madrid está debruçado sobre a questão há duas décadas, coletando resultados promissores, ao mesmo tempo em que desenrola autorizações da agência de vigilância sanitária e o financiamento tão necessário para botar o projeto de pé. Aliás, são esses os maiores desafios de trabalhar com um objeto de pesquisa que até pouco tempo atrás era um completo tabu.
Levou 7 anos para que o grupo finalmente conseguisse a autorização da Agência Espanhola de Medicamentos para a pesquisa clínica em humanos. 7 anos! Agora, ficou mais claro porque é que, apesar de crescente, o número de estudos científicos com canabinoides ainda é ínfimo. Correntes reticentes ao uso da substância em outras patologias para além da epilepsia exigem mais comprovações científicas, desconsiderando não só as dificuldades como as enfrentadas pelo grupo de cientistas da Espanha, como, muito provavelmente, todas as pujantes evidências de casos clínicos em todo o mundo.
420 KM
Depois de descobrir que a cannabis funcionou no combate a células de glioblastoma (um tipo agressivo de câncer cerebral) em camundongos, chegou o momento de sabermos se os bons resultados também irão se replicar entre os nossos semelhantes. Cerca de 30 pessoas serão selecionadas para uma pesquisa inédita realizada com humanos em um ensaio de primeira linha, aqueles realizados assim que o sujeito descobre que tem câncer.
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