Uma convocação da Frente Parlamentar Mista do Esporte, assinada pelo deputado federal Júlio César Ribeiro (PRB-DF), conclama os presidentes de clubes da Série A a discutir cinco pontos cruciais para sair da crise. Está na pauta, item 4: "Discutir medidas legislativas para o amadurecimento institucional e econômico do futebol brasileiro a exemplo da legislação espanhola que prevê negociação coletiva de direitos e responsabilidade solidária para a entidade que organiza as competições, o que permitiu resposta rápida à crise com uma linha de crédito para clubes no valor de quase R$ 3 bilhões."
A convocação é para uma vídeo conferência com os presidentes de clubes na tarde desta quarta-feira (8). Não houve adesão. Nenhum dos dirigentes de clube procurados pelo blog tomou conhecimento do documento. "Estive em reunião com trinta presidentes na Comissão Nacional e nenhum falou sobre isso", disse o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz. Dos clubes consultados, Bahia e São Paulo confirmam ter recebido o ofício e devem participar da vídeo conferência.
A convocação da Frente Parlamentar fala também em apressar a aprovação de projetos de lei, como o do clube empresa, cujo relator é o deputado federal Pedro Paulo (DEM-RJ). Procurado pelo blog, o deputado também não tem conhecimento da vídeo conferência.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também foi procurado pelo blog. Disse que não foi chamado para a vídeo conferência, mas admitiu que é necessário tratar dos projetos de lei que regulem a transformação do futebol brasileiro. "Se eu for procurado, claro que vou fazer e acho que a gente tem de tratar desse assunto, sim." Há dois meses, Maia esteve na Espanha estudando a legislação que transformou a maior parte dos times em empresas (veja imagem).
Há duas razões para a vídeo conferência convocada para hoje não ter adesão. A primeira é que não se trata de uma convocação das maiores lideranças do futebol, nem do parlamento. A Frente Parlamentar Mista do Esporte, do deputado Júlio César, não aparenta ter representatividade.
Isso explica por que nem sequer o Botafogo, que planeja se transformar em empresa, tomou conhecimento do projeto. Faltou credibilidade à Frente Parlamentar.
A outra razão é o fato de os presidentes que participam das reuniões da Comissão Nacional de Clubes julgarem que a CBF já está cuidando da suspensão das parcelas do Profut, o assunto que mais preocupa os times da Série A, neste momento, pelo menos entre os assuntos que podem ser debatidos em Brasília. "Clube empresa é piada", diz um dos presidentes ouvidos, que não pretende transformar seu time em empresa. Há outros clubes que pretendem aderir ao clube empresa, como Botafogo e São Paulo. Mas nem estes parecem capazes de aderir à vídeo conferência desta tarde.
Pela redação da convocação da Frente Parlamentar, a possível linha de crédito provavelmente estaria condicionada à adesão ao clube empresa.
Não pegou.
Embora a situação possa se mostrar diferente até às 15h, horário da convocação do deputado Júlio César, nem mesmo a possibilidade de uma linha de crédito convenceu os clubes de que há liderança para tratar de uma proposta deste tipo.
Da Redação
Globo Esporte
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