Governador foi preso nesta quinta-feira pela força-tarefa da Lava Jato no Rio. Após sair da Polícia Federal, ele passou por Benfica e foi para sala especial na Unidade Prisional da PM, em Niterói. O governador Luiz Fernando Pezão deu entrada na Unidade Prisional da Polícia Militar, em Niterói, às 16h06 desta quinta-feira (29). Preso nas primeiras horas da manhã pela força-tarefa da Lava Jato, no Palácio Laranjeiras ele prestou depoimento por cerca de três horas na sede da Polícia Federal, de onde saiu pouco antes das 15h.
Na chegada do comboio da PF que levou o governador, alguns manifestantes xingaram o governador. Na unidade, ele ficará em uma sala especial, à qual tem direito por lei devido ao cargo. Antes de ser levado para Niterói, ele passou por triagem na Cadeia Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte. Após a prisão, o vice-governador, Francisco Dornelles, assumirá o governo interinamente. Ele comentou a prisão em entrevista à Globonews na tarde desta quinta.
“É um violência contra Pezão. Foi uma surpresa. Em primeiro lugar, vamos dar prosseguimento a todas as ações do regime de recuperação fiscal. Já conversei por telefone com o presidente Michel Temer, garantindo isso. Vamos também continuar com os trabalhos de transição. Falei hoje o governador eleito e já dei essa garantia a ele. Vamos procurar ter o melhor relacionamento com os principais poderes. Já conversei também por telefone com o presidente da Alerj, André Ceciliano. Marcamos de conversar pessoalmente agora pela tarde", disse
Operação Boca de Lobo
A força-tarefa da Lava Jato deu voz de prisão ao governador por volta das 6h no Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do estado. De acordo com os agentes, o governador se surpreendeu com a chegada da Polícia Federal e achou que era para cumprir um mandado de busca e apreensão no local, e não de prisão. No entanto, Pezão reagiu bem e chamou os advogados imediatamente – mas pediu aos policiais federais que o aguardassem tomar café.
Além do governador, outras seis pessoas foram presas nesta manhã. Entre elas, os secretários de Obras, Iran Peixoto Júnior, e de Governo, Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, e o sobrinho do governador, Marcelo Santos Amorim.
Batizada de Boca de Lobo, a operação é baseada na delação premiada de Carlos Miranda, operador financeiro de Sérgio Cabral. O ex-governador, de quem Pezão foi vice, também está preso. Segundo o MPF, Pezão não só fez parte do esquema de corrupção de Sérgio Cabral como também desenvolveu um mecanismo próprio de desvios quando seu antecessor deixou o poder.
Segundo o MPF, há provas documentais do pagamento em espécie a Pezão de quase R$ 40 milhões, em valores de hoje, entre 2007 e 2015. De acordo com á PF, ele cobrava até 8% de propina dos contratos do governo em benefício próprio. De acordo com o MPF, o valor é incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista à Receita Federal.
Na avaliação da força-tarefa da Lava Jato, solto, o governador poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa. Segundo o MPF, o esquema de corrupção ainda estava ativo.
Resumo
A prisão preventiva foi determinada pelo STJ;
São nove mandados de prisão, incluindo a de Pezão, e 30 de busca e apreensão;
A decisão foi baseada em delação de Carlos Miranda, operador financeiro de Cabral;
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 39 milhões em bens;
São investigados os crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção ativa e passiva.
Pezão é o quarto governador do Rio a ser preso
Prisão provocou manifestações, fogos, buzinaço e bolo em comemoração.
Por Lívia Torres e Anne Lottermann, G1 Rio e TV Globo
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